sexta-feira, 30 de abril de 2010
Dom Luiz Flávio Cáppio recebeu em Maio de 2009 o prêmio de Cidadão do Mundo na Alemanha
O bispo de Barra, Dom Luiz Flávio Cappio, recebe neste sábado, 9 de Maio de 2009, em Freiburg, na Alemanha, o Prêmio Kant de Cidadão do Mundo em reconhecimento à sua luta pelos povos do Nordeste e contra a transposição do Rio São Francisco. Este é o segundo prêmio internacional que o bispo recebe.
O primeiro foi o Prêmio Pax Christi, em outubro de 2008, na cidade de Sobradinho (558 km de Salvador). Para Dom Cappio, o prêmio é o reconhecimento internacional “a uma luta que é plural e em defesa da vida”.
Além de receber o prêmio, ele aproveita para divulgar na Europa a campanha “Povos indígenas em favor do rio São Francisco e contra a Transposição”, lançada no dia 6 de maio juntamente com as comunidades indígenas trukás, tumbalalá, pipipã e kambiwá, entre outras, na qual denuncia como a transposição do Rio São Francisco afetará a vida dos índios da região Nordeste.
O cacique Neguinho Truká, da Ilha de Assunção (PE), espera que a campanha ajude a resolver as questões indígenas que estão emperradas, principalmente quanto à demarcação das terras Trukás. Hoje existem 4.200 índios Trukás vivendo dentro da reserva da Ilha de Assunção e 1.800 fora da Ilha.
“Todos aguardam que o governo acelere a demarcação das terras. Fomos a Brasília e entregamos a carta-denúncia a autoridades como Marina Silva e discutir temas de interesse das comunidades indígenas como as construções de barragens, a transposição e o efeito do PAC em áreas indígenas”, afirmou o cacique.
Os problemas enfrentados pelos índios nordestino será levado ao conhecimento dos europeus por Dom Luiz Cappio. Na Alemanha e na Áustria, ele participa de atividades que incluem visitas a cinco cidades européias, encontros com políticos, tomadores de decisão, representantes religiosos e a sociedade civil organizada que o apoiaram na ocasião do jejum em 2007.
Dom Luiz diz que o prêmio é direcionado “a todos aqueles que estão em sintonia com a luta pelo São Francisco, como os vários segmentos sociais e as várias ONGs que lutam pelos povos do rio como as comunidades ribeirinhas, as nações indígenas e o povo quilombola”. Apesar de feliz com os prêmios ressalta que fica triste e indignado “com aqueles que estão cegos, surdos e se calam diante dessa luta”.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a campanha tem intenção de pressionar o Supremo Tribunal Federal a julgar ações judiciais pendentes contra o projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco, em especial a que trata das terras indígenas afetadas.
A pressão virá através de um conjunto de ações que incluem relatórios, mobilizações e petição popular e entre as reivindicações está a realização de Audiências Públicas democráticas, para garantir o direito de participação popular na formulação e implementação das políticas do Governo Federal na bacia do São Francisco.
Uma das pendências a serem julgadas é a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4113 que aponta irregularidades cometidas no período anterior ao início das obras de transposição.
Segundo a CPT, a Constituição Brasileira, no seu artigo 49, a implantação de empreendimento que envolve terras indígenas, deve ser precedido de consulta ao Congresso Nacional. “As obras de transposição foram implementadas ignorando essa condição e 33 tribos indígenas estão sendo afetadas pelo empreendimento”, afirmam.
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